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A emoção de Laura Pausini perante o Globo de Ouro: "Tudo isso excede os sonhos que eu tinha"

A cantora italiana, vendedora de milhões de discos, está concorrendo ao seu primeiro prémio do mundo cinematográfico com a canção do filme 'The Life Ahead' de Sophia Loren.

/Tradução e adaptação: Rafael Barbosa

/via El País

25/02/2021

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JULIAN HARGREAVES

Laura Pausini surfou na onda da música quando tinha oito anos nas pranchas de um piano bar com o seu pai. O seu maior sonho era cantar nos restaurantes da sua região e nunca sonhou em ser famosa. Ela não podia imaginar o que viria mais tarde. Aos 18 anos ganhou o popular Festival da Canção de Sanremo, que a catapultou para o sucesso e fama internacional. A continuação é parte da história da música italiana e espanhola. Agora, à beira de celebrar o 28º aniversário do início da sua carreira, é nomeada pela primeira vez ao Globo de Ouro. Ela concorre ao prémio de Melhor Canção Original com Io Sì, música escrita por Diane Warren para 'La Vita Davanti a Sé' (The Life Ahead), o filme Netflix com o qual Sofia Loren regressou às telas.

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Getty.images

Pausini vendeu milhões de discos, bateu todos os tipos de recordes, cantou em várias línguas e ganhou uma série de prémios em vários continentes. Mas esta é a sua primeira grande composição cinematográfica. O single está também pré-selecionado para o Óscar. "Nunca teria imaginado que poderia estar numa lista restrita para estes grandes prémios", diz ela ao 'El País', por telefone. Ela é pragmática, não quer aumentar demasiado as suas esperanças, como aprendeu ao longo da sua carreira. No entanto, "se eu ganhar, os vizinhos vão me matar com os gritos que eu vou dar", brinca ela.

Traduzido com a versão gratuita do tradutor - www.DeepL.com/Translator

Ela explica que decidiu aceitar a proposta de Edoardo Ponti, filho de Sofia Loren e realizador do filme e emprestar a sua voz à personagem de Loren numa das sequências mais emotivas, depois de ter visto a primeira montagem da gravação. O filme conta a história de uma sobrevivente do Holocausto e antiga prostituta que acolhe crianças abandonadas no seu pequeno apartamento em Bari e fala sobre imigração e integração. "Fiquei comovida com a mensagem de unidade, contra o racismo. É uma forma de fazer as pessoas refletirem sobre o que significa ser uma família e estar unidos, mesmo que não se tenha o mesmo sangue", diz ela sobre o projeto, com o qual se identifica completamente. "A mensagem do filme é a verdadeira razão pela qual estou tão entusiasmada, por poder abordar essa questão, por poder falar diretamente, como sempre fiz com as minhas canções", acrescentou.

INSTAGRAM DA CANTORA

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E recorda suas composições "Il Mondo Che Vorrei", de 2008, e "Simili", de 2015, nas quais fala também de tolerância, acolhimento e igualdade. "Os meus fãs sempre souberam como eu penso. Somos todos feitos de carne e sangue e depois temos cores diferentes mas, na minha opinião, o que nos torna perfeitos é sermos únicos e diferentes uns dos outros. A partir das diferenças podemos apreciar a vida, aprender a ser mais inteligentes, mais cultos. Dividir não é uma palavra com a qual me identifique", diz ela. E ela revela que esses valores são os que ela tenta incutir na sua filha de oito anos.

A cantora italiana trabalhou pessoalmente na letra da canção e decidiu gravá-la, por sua própria iniciativa, em cinco línguas, incluindo o português, para que todos a pudessem compreender. A canção é dedicada aos abandonados, aos invisíveis, àqueles que ninguém vê ou ouve. "Estar presente não significa apenas estar lá fisicamente, por vezes significa salvar uma vida, é uma linha de vida, significa que não se está sozinho. 'Estou aqui', é a minha presença, o meu apoio", diz ela numa altura em que estas palavras de conforto se tornaram mais necessárias do que nunca.

A cantora confessa que também se sentiu por vezes solitária, abandonada e invisível e recorda o seu início precisamente com a canção La Solitudine (A Solitude). "Aprendi que não me quero sentir abandonado, não sou suficiente para viver sozinha, sou uma pessoa muito curiosa que se aborrece muito facilmente, estou sempre rodeado de pessoas, por vezes preciso de me sentir invisível durante algumas horas, mas não posso passar mais do que um dia assim", revela ela.

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Getty.images

Ela define a essência do seu sucesso como "uma acumulação de coisas estranhas que se juntaram no momento certo" e fala de "uma mistura de sorte, talento, muita disciplina, vontade, desejo de trabalhar, muita paciência" e uma família que compreende as ausências e os longos períodos fora de casa. "Se a minha família tivesse sido contra os meus períodos longe de casa, não me teria dado certo. Eu não poderia aceitar que a minha família estivesse contra mim", diz ela. "Todos os dias sinto-me um pouco culpada por tudo o que me aconteceu e não sei se mereço tudo isto, ultrapassa os sonhos que tive. Fui aprendendo que as coisas são conquistadas com muito trabalho, eu sou o oposto de estar sentado em casa contando os discos vendidos, vendo televisão ou a fazendo as unhas. Adoro trabalhar, devo tudo a esta vida e quero merecê-la", confessa. E orgulha-se do afeto do público. "Sinto-me parte deles", diz ela. E acrescenta: "Não é fácil ser aceita com tanto afeto em outra terra que não é a sua, hoje mais do que nunca".

Embora esteja planejando lançar um novo álbum até 2022, ela está particularmente preocupada com este momento de incerteza para a música devido à pandemia. Na Itália, os concertos e espetáculos ao vivo foram suspensos há mais de um ano, o que arruinou uma grande parte da indústria, especialmente os mais vulneráveis, como os técnicos de som e os construtores de palcos, por exemplo, "os que não são vistos", diz Pausini, que já a algum tempo têm exigido ajuda estatal. Em Abril, o intérprete enviou uma carta ao primeiro-ministro, juntamente com outros artistas italianos, para exigir ajuda imediata para os mais de 500.000 trabalhadores que perderam os seus empregos. A cantora italiana está em contato com outros cantores de diferentes países, como Alejandro Sanz, "para entender o que está a sendo feito em outros países" e para procurar ideias e iniciativas para manter o setor funcionando.

Rafael Barbosa da Silva

Adaptação, tradução do texto e seleção de Imagens.

Administrador Elite Pausini. 

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